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O burnout e a ilusão do profissional multitask: Um olhar irónico sobre o mercado criativo em Angola

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Vivemos numa era em que a criatividade é a moeda mais forte, mas quem disse que o caminho para o sucesso não é também pavimentado com a exaustão? O burnout, esse vilão silencioso, está a tornar-se uma pandemia no sector criativo, especialmente entre designers, marketers e videomakers. E, curiosamente, a ignorância sobre a diferença entre estas funções parece ser o combustível que alimenta este fenómeno.


Ah, o designer! Aquele mago dos gráficos que transforma ideias vagas em peças visuais deslumbrantes. Se um cliente quer uma apresentação para ontem, o designer, com a sua perícia quase sobrenatural, deve estar preparado para atender. Se não for assim, talvez o cliente ou o shareholder tenha que reconsiderar a sua própria urgência. E quem diria que um designer não pode fazer pizza enquanto cria um logótipo?


Agora, passemos ao marketer. Este profissional é o estratega invisível que, entre uma análise de dados e uma reunião, tenta descobrir como captar a atenção de um consumidor que, convenhamos, tem mais opções que um buffet de pratos diferentes. A expectativa? Que ele seja um guru das redes sociais, um especialista em SEO, um criador de conteúdo e, se possível, que consiga também desenham a nova imagem da marca. Porque, claro, quem precisa de especialistas quando se pode pôr toda a gente a fazer tudo?


Finalmente, temos o videomaker, que, como o nome sugere, faz vídeos. Mas não se deixe enganar! Este ser místico não é apenas um operador da câmara. Ele é o director, o editor, o argumentista, a pessoa que resolve crises de rodagem e, de uma certa forma, o psicólogo da equipa. Se a luz não está boa, ou se alguém não sabe o que quer filmar, é ele quem tem de encontrar a solução mágica, ou por outro lado, empurrar o projecto para a próxima semana.


A verdade é que, no contexto empresarial angolano, existe uma expectativa quase magica de que todos estes profissionais possam ser versáteis, quase como super-heróis da criatividade. Onde começa o designer e onde termina o videomarker? Ninguém sabe, mas é melhor que toda a gente possa fazer tudo, porque asssim a empresa não precisa de contratar mais pessoas e, claro, os custos ficam mais controlados.


A ironia disso tudo é que essa abordagem não só prejudica o bem-estar dos profissionais, levando muitos ao burnout, como também compromete a qualidade do trabalho. A criativdade precisa de espaço para respirar e, mais importante ainda, de tempo para se desenvolver. Quando se espera que um designer crie uma identidade visual, planeie uma campanha e, ao mesmo tempo, grave um vídeo promocional, está-se a correr um risco colossal: o de produzir trabalhos medíocres ou até de um turnover na empresa.


É fundamental que as empresas e líderes angolanos reconheçam a importância de respeitar as especializações de cada profisisonal. Quando se investe na formação e no respeito pelas especificidades de cada cargo, o resultado é uma equipa mais motivada, feliz e, acima de tudo, produtiva. O burnout não deve ser uma questão de "se", mas sim uma questão de "quando". Portanto, a escolha está nas mãos de cada um.


Se a intenção é ter um trabalho de qualidade e criativo, então talvez seja hora de parar de acreditar nos mitos do multitasking e de dar valor ao que realmente importa: o tempo, a dedicação e especialização de cada profissional. Afinal, a criatividade não é uma máquina de fazer dinheiro, mas sim uma arte que merece ser tratada com respeito e paciência que realmente necessita.

 
 
 

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